Em 2010 apareceu o termo “Retail Apocalypse”, este termo surge no mercado de varejo de confecção americano fazendo referencia a uma crise nesse segmento que mostrava um fechamento constante de PDVs.

As lojas dos Estados Unidos tradicionais sofreram a disrupção de empresas tecnológicas como a Amazon provocaram ao mercado de consumo, um bom exemplo desta situação foii o que aconteceu com a rede de brinquedos Toys R Us e está acontecendo com as redes Macy’s e Sears, com dezenas de lojas fechadas nos últimos meses.

O Credit Suisse (um banco de investimentos) prevê que de 20 a 25% dos shoppings centers dos Estados Unidos fechariam as portas nos últimos cinco anos, de fato esta ocorrendo isso.  A instituição financeira calculou o retorno econômico sobre o investimento dos principais players do varejo mundial, uma métrica conhecida como Cash Flow Return On Investment(CFROI). Comparando o CFROI atual com a média dos últimos cinco anos e a projeção para 2019, o Credit Suisse analisou quais companhias já estavam precificadas para retornos econômicos menores e maiores.

Em resumo, as varejistas que sobreviventes são aquelas que possuem um braço de comércio eletrônico grande e crescente, ajudando a levantar os resultados. Ao mesmo tempo, ser eficiente com os custos fixos – incluindo os grandes espaços do varejo tradicional – ajuda a manter uma operação financeiramente enxuta.

Mas, em meio a tanto alarmismo, duas perguntas tornam-se relevantes:
01.  Até que ponto isso é realmente preocupante?
02. Esse efeito também pode acontecer no Brasil?

É muito cedo afirmar com letras garrafais se este cenário irá ocorrer em curto prazo aqui no Brasil porem, algumas empresas estão começando a mexer seus botões e prevenir uma situação desfavorável, por exemplo, o Grupo Pão de Açúcar já permite que os clientes agendem horário nos caixas e recebam ofertas moldadas a seu padrão de compras.

O ponto chave desta situação que ocorre no USA esta diretamente conectada a maneira de consumir. O modo pelo qual a população em geral compra seus produtos esta mudando devido ao acesso a novas tecnologias e esta realidade também começa a apontar aqui no Brasil, vamos analisar a compra de um televisor ou qualquer eletroeletrônico, por exemplo, para a maioria das pessoas ainda é mais vantajoso no varejo físico, pois você leva o produto na hora. Nos principais sites, leva de 1 a 2 semanas para se receber o mesmo produto.

Em segmento como moda, calçados, talvez haja sempre “uma primeira compra” no varejo físico pois o brasileiro é sinestésico, ou seja, quer experimentar, pegar, tocar, para saber se o produto de fato é bom ou lhe serve adequadamente. Outra consideração importante é que a indústria de moda ou calçados ainda não tem uma padronização de tamanhos muito definidos, isso poderia prejudicar mais ainda os canais físicos de vendas.

Se não fosse por conta dessas barreiras, se pensarmos em um produto industrializado ou produzido em escala, o que leva alguém a decidir entre o canal eletrônico ou físico é a relação entre preço e logística.

Tradicionalmente a loja online tem como diferencial um preço mais barato, a tendência para a compra por este canal de venda se dá pela analise do consumidor entre o desconto x prazo de entrega, se os preços estiverem os mesmos preços nos dois canais (online e PDV), o que manda na escolha do consumidor é a logística e sua conveniência e neste caso o varejo físico seja mais prático.

No caso do varejo de confecção americano, como citado no começo do artigo, o mérito do crescimento da Amazon, por exemplo, sobre os demais concorrentes físicos não está somente na questão produto ou preço. Há anos a empresa investe fortemente em maneiras de melhorar sua logística e entrega, seja com centros de distribuição cada vez mais automatizados, ou apostando em entregas rápidas que vão de vans exclusivas à experiências com entregas via robôs ou drones. O gap de logística entre o virtual e o físico é cada vez menor e mais vantajoso para o lado deles.

A grande vantagem do varejo físico ainda está na experiência, algo que o online de maneira geral ainda está tentando entender como pode superá-la. No caso do varejo físico, a experiência de ambiente/atendimento do varejo físico é o que fará com que as lojas ainda continuem a perdurar. Quem não tem uma boa entrega desses diferenciais ao consumidor terá dificuldades no futuro.

Segundo Kim Posnett, diretora global do Goldman Sachs, afirma que o sucesso no varejo de confecção será fruto de um bom casamento entre as duas dimensões,  “O paradigma não é uma coisa ou a outra”, resume. É algo que o Credit Suisse também ressalta ao elencar suas sete varejistas abençoadas – e que as varejistas do mundo todo devem prestar atenção, sendo o apocalipse teoria ou realidade.

A regra é clara Arnaldo, com o aumento de tecnologia móvel, um consumo mais ‘empoderador’ por parte do cliente, o varejo de confecção precisará se qualificar e buscar conhecer os hábitos, a nível de detalhe, de seus clientes para que não feche as portas.

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